Atadores de Rede

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Fernando Teodoro Manso, mais conhecido por Mestre Manso, já deixou de governar a traineira há alguns anos.  Actualmente, faz parte do grupo dos homens de terra e exerce a profissão de atador de redes. O rosto não esconde a saudade dos tempos em que enfrentava o mar e tentava desvendar os seus desígnios. “Os peixes por vezes estão adormecidos e nessa altura é mais fácil pescá-los” afirmou com o olhar fixo no imenso Atlântico.

Quanto ao ofício que actualmente exerce considera que “é uma arte que depende do brio de cada um”. Para estar bem feita “cada malha tem de ter quatro pontos”. Na sua generalidade, os atadores de redes são antigos pescadores que já deixaram o mar. No entanto, “sempre foi assim, os jovens querem ir para o mar, é um desafio diferente…” realçou. Fernando Manso também salientou que “há que haver interesse, como em tudo na vida” acrescentando “foi isso que me conduziu a Mestre de uma traineira”.

Hoje em dia, a Escola de Pescas tem cursos onde ensinam a arte de coser redes mas “antigamente aprendíamos com os mais velhos”. Este ofício também tem hierarquias e os atadores de redes estão sempre sob a vigilância do Mestre atador. Até porque o trabalho tem de estar perfeito, as linhas de coser têm de ser da mesma espessura da rede, caso contrário tornam-se mais sensíveis a novas rupturas.

Além do interesse e brio profissional o atador de redes tem de ter uma boa navalha, agulha própria e várias linhas bem perto de si. Também não lhe falta, o velho banco de madeira, bem típico de quem anda nas lides da pesca. O Mestre Manso ficou na sua faina, atento e a recordar os tempos em que era responsável pelo sustento de vários homens. Desde os 14 anos que se dedica à pesca e tem como lema “o homem que realmente é pescador tem gotas de água salgada nas veias. Os seus problemas só se resolvem no mar…”.

in Sesimbr’Acontece de abril de 2006