Gastronomia

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“[…] E ficámos a admirar o saber desses homens, que tudo conheciam acerca dos peixes e, quanto às sardinhas, diziam saberem melhor se fossem descansadas na grelha, ligeiramente afastadas da brasa para não assarem demasiado, e comidas à mão. Na verdade, como era agradável comê-las assim, colocadas sobre uma fatia de pão caseiro, cozido em forno de lenha e, com os dedos, ir separando a pele que se soltaria facilmente se o tempo de fogo fosse o mais certo, puxando-se depois os gostosos e suculentos lombos.”

António Reis Marques

O peixe é o elemento principal da gastronomia sesimbrense. As formas de o confecionar são diversas e variam consoante as espécies. As mais apreciadas derivam de antigos costumes dos homens do mar. É o caso da famosa caldeirada, massada, açordas ou sopas de peixe, pratos feitos a bordo, onde havia uma “caldeira”, em que à água devidamente temperada se juntava algum do peixe que se apanhava, batatas, massa ou o pão duro. O resultado servia de alimento durante a faina.

A forma mais genuína e popular de apresentar o pescado é, no entanto, grelhado. Para além de lhe conferir um sabor único, espalha pelo ar aromas inconfundíveis, muito caraterísticos na vila de Sesimbra. O processo é simples: o peixe, inteiro, à posta ou escalado, é salpicado com sal grosso, colocado numa grelha pincelada com óleo que, por sua vez, é posta sobre a brasa. Mas há “segredos” que só os “assadores” mais experientes dominam: a distância do lume, o tempero ou o tempo. Hoje, inspirados nas receitas tradicionais, muitos restaurantes apresentam pratos com novas abordagens, dando sempre preponderância ao seu sabor e frescura.