A maior aiola de Sesimbra

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Tem quatro metros e meio de comprimento, quase um metro e noventa de largura e, quando estiver terminada, pesará mais de 300 quilos. É a maior aiola construída por Acácio Vidal Farinha, carpinteiro naval com 87 anos que, em 64 de profissão, construiu centenas destes barcos em madeira de pinho.

Embarcação segura, mesmo em dias de mar agitado, a aiola mede em média três metros e meio e é muito utilizada na pesca tradicional. Pode ser impulsionada por dois ou quatro remos, ou à ginga, que em Sesimbra se diz “zinga”, processo de deslocação com apenas um remo apoiado na popa. Mesmo com o aparecimento do motor, o remo continuou a ser um aliado indispensável do pescador na arte da apanha de chocos e lulas. Mas desta feita o barco não se destina à pesca «porque os pescadores são cada vez menos e o mar não oferece segurança para quem quer fazer dele o seu sustento», afirma Acácio Farinha, revelando uma lucidez admirável e um profundo conhecimento feito de experiência e vivência com a comunidade piscatória. A sua última obra foi encomendada por turistas espanhóis que ficaram encantados com a beleza dos pequenos barcos que todos os dias transformam a Baía de Sesimbra num mar multicolor. «Depois desta empreitada vou descansar, até porque a vista já não é o que era» confessa, para de seguida acrescentar que tem «pena» que esta e outras antigas profissões estejam a desaparecer. A embarcação vai ficar equipada com remos, à semelhança de todas as outras, mas terá também uma vela de espicha,  leme e cana de leme, para navegar como as antigas. Sem querer fazer comparações com a concorrência da indústria da fibra, Acácio Farinha está consciente de que os seus barcos são bons e duram muitos anos. E justifica a sua  convicção ao afirmar que «ainda hoje andam no mar aiolas feitas por mim há mais de 40 anos».

in Sesimbr’Acontece de junho de 2009