O Mestre do Espadarte

o-mestre-do-espadarte

Jonas Baeta Marques, 82 anos, é um dos homens que melhor conhece os segredos da pesca ao Espadarte. A sua fama chegou aos ouvidos de José Braz, proprietário do Hotel Espadarte, que o convidou para conduzir os pescadores desportivos aos locais onde se encontrava esta espécie. “Estávamos em 1966 quando ele veio convidar-me para comandar o seu barco, o Espadarte”, afirma Jonas Marques, que nunca frequentou a escola e confessa que “não conhecia uma letra do tamanho de um comboio”.

Mesmo sem instrução, sabia as regras de navegação e os segredos do mar. Por isso, o desafio de levar turistas à pesca não o intimidou. “Pescávamos no Graçone, um banco localizado a cerca de 14 milhas a Sul de Sesimbra, ou no Mangão que era um pouco mais perto”, revela. Para navegar de dia, orientava-se por algumas marcas em terra, principalmente pelo Castelo de Sesimbra e pelo Moinho da Forca, na encosta a Nascente. De noite, era a Estrela do Norte que o encaminhava, quando saía após o pôr-do-sol, o que aconteceu raramente.

Diz que nas saídas “sentia a inquietação, a expectativa dos pescadores”. Eram, na maioria, alemães, belgas e franceses e, destes, um dos mais entusiastas era Pierre Clostermann, um piloto francês com quem privou vezes sem conta. A “reboque” do Espadarte seguiam seis ou sete aiolas e outros tantos pescadores/­remadores, cuja função era apoiar na captura dos espadartes ou dos tubarões, que também apareciam com frequência.

Mesmo quando não os avistava, Jonas Marques sabia que eles andavam por perto. “Eu sabia que eles estavam lá a comer, porque a sua comida preferida era a xaputa, que estava muitas vezes nas 60 ou 70 braças de profundidade”, recorda. “Pescávamos, sempre que era possível, com xaputa viva, “iscada” num anzol n.º 1, empatado num cabo de aço com quatro metros, que estava ligado por um “destorcedor” à linha do carreto, para evitar que esta rebentasse, devido à luta do peixe, que por vezes tinha mais de 150 quilos. ”

O maior que pescou “tinha mais de 260 quilos”. Hoje, recorda esses bons velhos tempos, participando, sempre que pode, no Troféu José Pinto Braz. “ma homenagem merecida a este grande amigo”, finaliza.

in Sesimbr’Acontece de outubro de 2010